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Vitória de Trump e o novo record no preço do Bitcoin

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Donald Trump regressa em Janeiro à Casa Branca após vitória nas eleições. A reação dos mercados foi mais do que positiva, com setores como o bancário e o da energia, mas também a Tesla de Elon Musk, apoiante de Trump, todos a impulsionarem os índices para recordes históricos. O mesmo aconteceu com o Bitcoin, depois de na campanha o candidato republicano ter defendido que os EUA iriam ter uma reserva estratégica em Bitcoin e até, que a enorme dívida americana poderia no futuro ser paga com Bitcoins. A semana de todas as notícias perfeitas para os mercados concluiu-se com a confirmação de nova descida do juros (0,25%) por parte da FED o que permite mais liquidez ao mercado.

A pergunta é. Até onde o Bitcoin pode chegar e em que medida o próximo cenário económico vai influenciar a sua ascensão?

Acumulação e o início de uma nova alta histórica

Depois do Halving de abril, esperava-se o Bitcoin entrar como em todos os anteriores, num novo ciclo de alta. Mas desde esse momento que longa se tornou a espera. Nem mesmo a entrada em cena das ETF’s de negociação de Bitcoin, com a presença dos maiores investidores e fundos, ajudou a impulsionar o preço. Na realidade o que os investidores institucionais estiveram a fazer ao longo de todos estes meses foi a acumular.

Mesmo com a nova máxima, cerca de 99% dos investidores de Bitcoin ainda estão em lucro, o que significa que o mercado está longe de atingir o limite de valorização neste ciclo. O volume de negociação caiu 17%, sugerindo até que o sentimento do mercado não esteja extremado, é até moderado.

Os juros, a FED e o Bitcoin

A Fed anunciou mais um corte de 25 pontos-base na taxa de juros, reduzindo a faixa para 4,50% a 4,75% de modo a estimular a economia. Recorda-se que à medida que os juros vão baixando, o preço do dinheiro fica mais barato. Os ativos de risco ficam menos pressionados. Para 2025 a Reserva Federal tem esperados mais quatro cortes de juro até ao verão. Isso é particularmente otimista para o mercado Cripto como um todo. Nesse processo de redução de juros é certo que o valor do dinheiro (dólar) baixará. E por isso a subida do preço da cripto como contra moeda de valor aumentará. O Bitcoin começa a ser visto em várias instituições e países, como reserva de valor, tal como o Ouro até hoje sempre foi. É um ativo para manter e aumentar riqueza, ao contrário do dinheiro que progressivamente perde o seu poder de compra. Numa ideia, ter dinheiro em numerário / fiat, é a forma mais fácil de ir ficando mais pobre.

Efeito das eleições

O final de 2024, após a vitória de Donald Trump com todas as declarações que fez a incentivar e validar a importância estratégica do Bitcoin, talvez seja o momento que todos esperavam para uma nova rampa de lançamento do preço.

O setor espera uma possível flexibilização nas políticas regulatórias. Durante o governo de Joe Biden, as criptomoedas foram alvo de um aumento de fiscalização por parte da Comissão de Valores Mobiliários dos EUA (SEC). A nova administração, no entanto, prometeu uma abordagem mais amigável em relação ao mercado cripto, incluindo a possibilidade de criação da tal reserva nacional de Bitcoin, consolidando o país como uma “superpotência do Bitcoin”. Tal cruza-se com o incentivo à mineração de modo a ganhar maior autonomia sobre o setor, criando empregos e aumentando a competitividade global.

Essas medidas pode criar um impulso adicional e atirar no próximo ano o valor a moeda bem acima da marca referencial de 100 mil dólares.

Imagem: Gráfico de valorização do Bitcoin com preço máximo a 10 de novembro 2024.

Desacoplar o Bitcoin dos mercados tradicionais

Apesar das incertezas políticas, o cenário macroeconómico parece favorável para o Bitcoin. O que não deixa de ser curioso é que começa a enfraquecer a correlação anterior entre a cripto e os índices tradicionais, como o Nasdaq e o S&P 500. A “desacoplagem” levanta a questão de se o Bitcoin pode continuar a crescer de forma independente, em vez de seguir as tendências do mercado tradicional

As ações foram muito valorizadas nos últimos anos, tornando-as caras em muitos casos. Os mercados estão a chegar a recordes absolutos nesta altura num momento em que as taxas de juro estão muito mais altas do que há três anos atrás. Numa análise de probabilidades, será sensato pensar que será inevitável uma pausa e uma retração pelo menos moderada dos ativos tradicionais.

Mas em contrapartida as criptomoedas desvalorizaram muito desde 2023. Sim, o Bitcoin está no seu maior valor de mercado também mas ainda assim, o seu valor é para muitos analistas abaixo do que seria suposto no momento. E por isso o valor é tido como abaixo do que o mercado perspetiva.

Caso se torne menos sensível às flutuações do mercado tradicional, o Bitcoin pode consolidar-se como uma reserva de valor mais autónoma, atraindo investidores que buscam diversificação frente a ativos tradicionais.

Qual o alvo próximo e o “sonho” futuro?

Com a nova máxima histórica e as perspetivas de um ambiente regulatório mais amigável, o futuro parece promissor, mas cautela é essencial. O impacto das decisões da Fed e o cenário político nos EUA são determinantes para os próximos passos da criptomoeda. O corte nas taxas de juros pode ser um grande impulsionador de crescimento.

Os analistas e investidores estão agora a olhar a marca redonda e “psicológica” dos 100.000 dólares até ao final do ano.

Esse é também o objetivo de curto prazo que no The Trading Ring perspetivamos. Quando entramos em novos máximos não há graficamente referências anteriores para definir resistências e ímans de aproximação. Há outras ferramentas que podem ser tecnicamente ser usadas. E os 100.000 é um número tão fácil de ditar como objetivo porque o ser humano gosta de números certos e redondos.

Então e daí para cima?   

Michael Saylor, CEO da MicroStrategy, empresa que mais Bitcoin tem no seu portfólio, prevê que o valor do Bitcoin possa atingir 13 milhões de dólares em 2045.

Em 2032, Saylor estima que o Bitcoin valha 1 milhão. Se tal viesse a acontecer, tal significaria que quem tivesse o valor de 1 bitcoin investido hoje (80 mil dólares sensivelmente) poderá extrair todos os anos 150 mil dólares todos os anos, entre 2032 e 2050, vendendo em prestações cada fração do Bitcoin. A valorização da cripto permitiria que o investidor venda menos quantidade para gerar o mesmo montante anual, preservando a sua posição. Com uma taxa de crescimento anual composta de aproximadamente 22,5%.

Com um suprimento limitado de 21 milhões de Bitcoins e o aumento progressivo da procura global, a valorização do Bitcoin levará na ideia dos seus mais crentes investidores, a tornar-se a principal “reserva de valor digital”, comparável ao papel histórico do ouro

Isto é uma projeção que está no domínio do sonho. Tecnicamente é possível acontecer, mas há muitos “ses” que não nos permitem fazer adivinhações e ter certezas.

É importante lembrar que o mercado de criptomoedas é extremamente volátil. O ideal é sempre monitorizar o “matrix” do mercado, dos cenários económicos e movimentações geopolíticas antes de ser tomada qualquer decisão de investimento.

Este texto não constitui um aconselhamento financeiro personalizado. Fornece orientação imparcial para te ajudar a identificar opções e reduzir as tuas escolhas, mas não dirá o que fazer ou qual produto comprar; a decisão é tua. Somos responsáveis em consciência ​​pela qualidade das informações que fornecemos, mas não pela decisão tomada com base nelas. A orientação sugere o que poderias fazer, mas não recomenda o que devas fazer. Recomendamos que realizes a tua própria pesquisa, considera a tua situação financeira e consulta um consultor financeiro antes de tomar qualquer decisão de investimento. Lembra-te sempre de que tomar decisões de investimento requer cuidado, pesquisa e aconselhamento  profissional.


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