Após um janeiro incrível que estendeu os máximos históricos para todos os índices e muitos dos ativos em bolsa nos Estados Unidos, para onde vai agora a maré? Os mercados vão corrigir?
Será de esperar uma agitada navegação ao longo das próximas semanas. Normalmente os últimos a entrar no investimento é quem fica com a “batata quente na mão”. Quem tinha a lucrar começa a fazer mais valias. Se a pressão vendedora for grande, os mercados virão a reverter.
O curioso é que os “big boys” estão a gerir muito bem a situação, com ajustamentos entre preço e volume e podem muito bem continuar a fazê-lo enquanto a temporada de apresentação de resultados continua. Porque não dominam a vida das empresas. O que vem pela frente?
Abaixo algumas considerações do “matrix” que nos rodeia e obriga a ler para afinar as estratégias de negociação.
1. O Desafio de entrar agora ou esperar por correção
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- Após um sólido início de ano, fevereiro é conhecido como um dos piores meses para o mercado de ações (mais detalhe abaixo)
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- Wall Street espera que uma parcela considerável dos mais de 8,5 mil biliões de de dólares estacionados em fundos do mercado monetário, flua para ações e títulos. Se entrassem agora iriam meter os mercados em órbita. Com a perspetiva de que as taxas de juros irão começar a descer na segunda metade do ano, a expectativa é que o dinheiro estacionado retorne ao mercado, alimentando a próxima fase de alta.
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- Mesmo que não sirva para impulsionar muito mais o mercado, é muito dinheiro que serve para manipular (leia-se gerir) as quedas de mercado, passando a ideia que cada venda massiva é comprada. Induzir confiança aos investidores do “retalho”. Nós os mais pequenos, que não dominamos a direção dos mercados, podemos ser apanhar comboios que vão para norte e de repente estarmos em sentido contrário ao mercado.
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- Há algo que é tido como uma verdade, mas é antes uma ilusão. Que os mercados reagem a notícias. Isto vem do famoso “…os mercados reagiram a …” que ouvimos nas notícias. A verdade? Os mercados não reagem a notícias, as notícias são uma justificação para os mercados fazerem o que têm de fazer. Eles fariam sempre o que têm que fazer mas depois não havia justificação e era uma maçada. São os comportamentos psicológicos de massa, são as forças em confronto nas reações humanas entre o medo e a confiança ou ganância, entre o pessimismo e o otimismo, que fazem mover os mercados para cima ou para baixo. Em ciclos.
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- O atual “rally” desde outubro é atribuído à crença de que a FED irá reduzir as taxas de juros em breve. Porém, quando a FED anunciou que não fará isso tão cedo, o mercado não caiu imediatamente, destacando que as notícias não são o único impulsionador.
2. Análise às Tendências Atuais
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- Desde Outubro que os mercados tiveram uma vertiginosa e impressionante subida. Não surpreendeu que acontecesse, mas foi impressionante que tenha sido na vertical, sem pausas, sem parar para respirar. É como fazer uma maratona sempre a sprintar. Não é natural. E quem o faz, rebenta. Estoira.
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- Em torno dos 4.800 pontos o S&P500 pode por estes dias viver uma consolidação lateral. Para ganhar força rumo a novos assaltos às linhas de cima ou até perder fulgor e corrigir? Se o mercado atingisse a marca psicológica de 5000 isso pode deixar a assinatura para a consistência da subida nem aí terminar. Mas sim, é quando a euforia começa a generalizar-se que por norma a reversão se dá e os mercados começam a corrigir. Por vezes de maneira violenta, quando “os gigantes” acharem que deve ser.
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- Os mercados são surpreendentes a subir imenso e impiedosos na vertigem da queda. A primeira base que funcionará como área crítica mas que pode ser o suporte próximo dos 4.680 mas se perder essa base pode rolar até aos 4.500 a 4.400. Uma retração que muitos esperam para depois se fazer um assalto a posições mais levadas.
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- Tudo será dependente nesta dança, das decisões da FED quanto à descida das taxas de juro, por conseguinte a variação da força do dólar e nunca esquecendo que este é ano eleitoral nos Estados Unidos. Em anos eleitorais (eleições são sempre em Novembro), o comportamento dos mercados em Wall Street têm por referência a uma correção em Fevereiro, seguido de uma subida em Março, uma queda mais acentuada em Abril e principalmente Maio. Depois, os melhor período com eleições são os meses de Junho, Julho e Agosto. A reentre de Setembro e Outubro é mais calma, com recuos até às eleições de início de novembro.
3. Sinal de Alerta: “Bad Breadth” no Mercado
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- Os alarmes começam a tocar. Há uma divergência crescente no mercado, conhecida como “Bad Breadth” e que preocupa até mesmo os touros otimistas do mercado. Os “Magníficos Sete” impulsionaram o mercado em 2023 e lideraram a última vaga compradora, mas alguns deles como Apple e Google começaram a ceder. Todos eles, mesmo os incríveis Nvidia, Meta, Microsoft, AMD e Amazon com performance notável podem estar a precisar de descansar. Sem eles o S&P500 estaria bem abaixo.
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- Os resultados das magníficas sete ganharam mais de 50%, mas as restantes 493 empresas do S&P500 tiveram perdas de perto de 10%. Ou seja, o sol quando nasce não está a ser para todos. Lembro-me de 1987 quando aconteceu um terramoto em Wall Street onde algo idêntico estava a acontecer. Isso não é brilhante, poisa maioria das ações estão a oferecer retornos mais fracos do que investimentos mais seguros, desafiando as normas do mercado. Considerando o histórico, os investidores estão preocupados com a sobrevalorização do mercado e a ausência de uma “pouso suave.”
4. Inflação e a História
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- A inflação cedeu quase 4% em 2023, um declínio significativo. Mas o objetivo da FED é 2%, para se sentir confortável com a descida das taxas de juro. Mas a economia americana está pujante, o desemprego é dos mais baixos desde 1953, o preço do valor hora do trabalho cresceu 4,5% no último ano e já em Janeiro houve mais de 350 mil postos de trabalho novos. Que razões tem Jerome Powell para se apressar a descer as taxas de juro? Ele diz que o crescimento “americano” pode precisar diminuir para que se possa alcançar a meta de inflação de 2%.
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- Os novos dados de Inflação vão ser apresentados no dia 13 de fevereiro. O valor pode aumentar de novo, devido não só ao número de pessoas com trabalho mas também por outros fatores, como a situação no Médio Oriente a provocar pressão e até ruturas na cadeia de abastecimentos e aumento de algumas das matérias primas.
5. Estratégia para o Momento Atual
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- É prudente adotar uma postura cautelosa nas próximas semanas, dada a tendência histórica de perdas. O FOMO (Medo de perder o comboio) é um dos muitos erros que traders menos experientes realizam. Antecipa possíveis recuos, evitando a compra de ações estendidas. Há sempre mais comboios para apanhar.
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- Paciência e vigilância são essenciais num mercado que, embora desafiador, também oferece oportunidades. Lembra-te, o investimento é uma jornada de longo prazo e a paciência continua a ser uma virtude valiosa em relação às flutuações do mercado.
Observação: Este artigo é apenas para fins informativos e educacionais, não constitui aconselhamento financeiro. Recomendamos pesquisa adicional e consulta profissional para uma compreensão abrangente. Ressaltamos que quaisquer resultados de negociação são de responsabilidade do leitor.