O mundo das criptomoedas está em contagem regressiva para um dos eventos mais aguardados: o Halving do Bitcoin a 20 de Abril de 2024. O evento ocorre a cada quatro anos a partir desse momento, marcando uma redução para metade da recompensa dos mineradores de Bitcoin e gerando uma série de repercussões no ecossistema das criptomoedas.
O que é o halving da Bitcoin? Que implicações futuras terá a partir do histórico dos halvings anteriores ? Qual o panorama atual que envolve e quais as relevâncias que terá para os entusiastas e investidores de criptoativos.
O primeiro Halving com ETFs ativas
Este ciclo será diferente dos anteriores devido a fatores específicos de 2024, incluindo a entrada massiva de instituições financeiras no mercado de criptomoedas após a abertura aprovada de ETFs de negociação da moeda. Desde janeiro o preço da Bitcoin aumentou consideravelmente à conta dessa entrada de dinheiro em volume muito superior.
Foram volumes de negociação impressionantes, sinalizando um interesse significativo de investidores tradicionais. No primeiro trimestre as onze ETFs aprovadas pela SEC receberam perto de 12 mil milhões de dólares de investimento.
O que é o Halving
O halving da Bitcoin não é apenas um evento técnico, também possui implicações económicas significativas. Satoshi Nakamoto, criador da Bitcoin, estabeleceu um limite de moedas para garantir que a emissão arbitrária de novos tokens não desvalorizasse a moeda. Pode ser visto como uma ferramenta para controlar a inflação.
Ao reduzir pela metade a recompensa dos mineradores, o halving busca mitigar a inflação e aumentar a raridade do ativo. Em torno do ano 2140, o limite pensado de 21 milhões de Bitcoins será produzido e não será possível produzir mais. Os mineradores não receberão mais bitcoins como recompensa em vez disso, serão compensados pelo seu trabalho por meio de taxas de transação.
O novo halving reduzirá a produção diária de BTC para cerca de 450 BTC em relação à média diária até aqui de 900 BTC por dia.

História dos halvings anteriores
Seis a dezoito meses após cada evento, o preço do BTC sempre atingiu novos recordes históricos. Mas tal não é exclusiva responsabilidade do halving,
Eventos macroeconómicos significativos, como a crise da dívida europeia em 2012 ou o boom das ofertas iniciais de moedas (ICO) em 2016, como elementos que ajudaram o aumento de interesse na Bitcoin. Em 2020, foi a pandemia e a cripto foi lida como “cobertura contra a inflação”, refletindo a incerteza na economia global.
Historicamente, cada halving tem sido acompanhado por um aumento substancial no preço da Bitcoin, embora esse efeito tenha diminuído gradualmente ao longo do tempo. O mercado está a ficar mais maduro.
A 28 de novembro de 2012, após 210.000 blocos terem sido minerados, a recompensa passou a ser de 25 moedas por cada novo bloco. O BTC disparou 5.350% nos quatro anos seguintes. Mas chegou a estar a valorizar 9.400%.
A 9 de Julho de 2016, após mais 210.000 blocos, a recompensa caiu para 12,5 bitcoins. O BTC disparou 1.485% nos quatro anos seguintes. Mas chegou a estar um valor 30 vezes superior ao do momento do halving desse ciclo.
A 12 de Maio de 2020, a recompensa caiu para 6,25 moedas. O BTC disparou 670% nos quatro anos seguintes, mas já esteve nos 73 mil dólares, 750% acima do valor do halving de há quatro anos.
E agora a 20 de Abril passará para 3,125 BTC. Seguindo uma lógica de progressão dos sucessivos aumentos de cada ciclo, chegamos a um valor que poderá representar uma aumento potencial de 250% para os próximos quatro anos. É uma projeção aritmética, não tem qualquer valor de previsão baseado em condições de mercado. É uma extrapolação teórica, não deve ser usada como indicação de investimento e como sabemos, resultados passados, não asseguram resultados futuros.

Desafios para os mineradores
Apesar das perspetivas positivas, o Halving da Bitcoin também traz desafios, especialmente para os mineradores. Com a redução na recompensa por bloco, os mineradores enfrentam uma pressão financeira adicional, que pode resultar no fecho de operações menos eficientes.
O ‘halving’ custará aos mineradores 10 mil milhões de dólares por ano em receita perdida e poderá determinar quem sai à frente e quem fica para trás. Os mineradores passam a ter uma recompensa por bloco diminuindo de 6,25 para 3,12 Bitcoins.
Cada bloco vai valer cerca de 170 mil dólares a preços atuais. Por isso eles têm tomado medidas proativas nos últimos meses. Venderam as suas reservas de Bitcoin de modo a aumentar liquidez e fazer face às despesas operacionais que aí vêm ou investir em equipamentos mais eficientes do ponto de vista energético. Os mineradores de Bitcoin são os únicos vendedores naturais, mas eles têm vendido ativamente BTC desde agosto de 2023, em preparação para o halving.
Conclusão
O mundo prepara-se para o quarto halving da história, um dos que lhe dá uma especificidade de valor. Ao contrário das moedas correntes, como Dólar, Euro, Libra, Yen ao longo do tempo vão desvalorizando porque com a inflação progressiva é necessária a criação de mais moeda/dinheiro para equilibrar o sistema, a Bitcoin tornar-se-á no tempo progressivamente mais rara, escassa e por isso valiosa. Por isso cada vez mais pessoas e instituições a começam a procurar, tal como o Ouro, para ativo de reserva de longo prazo, embora sujeita a volatilidades sazonais de mercado.