The Trading Ring

Preço/volume, timing e confirmação. Como lucrar?

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No artigo anterior o foco foi nos aspetos técnicos que enquadram a dimensão psicológica do trading. Nesta segunda parte, uma perspetiva mais focada nas  táticas de Livermore para identificar oportunidades. As suas estratégias, validadas por estudos recentes, mostram que padrões gráficos e volume ainda são ferramentas poderosas.

1. Rompimentos com volume: O santo graal

Livermore entrava apenas em rompimentos com volume 50% acima da média.

Em 2023, o S&P 500 superou a resistência de 4.200 pontos com volume 60% acima da média histórica, desencadeando uma nova onda de compras e levando o índice a subir mais de 20% nos meses seguintes.

Estudos do Journal of Finance confirmam que rompimentos com volume têm 60% de precisão.

Porque é que o volume importa? O volume reflete a intensidade do interesse dos participantes. Sem volume, um rompimento pode ser apenas uma oscilação passageira. Com volume, torna-se um sinal de confiança e sustentação.

Livermore só entrava em operações quando um ativo rompia um nível relevante com volume significativamente acima da média — normalmente 50% ou mais. O volume elevado confirma o interesse institucional e reduz o risco de um falso rompimento.

Estratégias complementares:

  • Acompanha o volume relativo: Compara o volume atual com a média dos últimos 21 dias.
  • Combina com indicadores: Usa o On Balance Volume (OBV) ou o Volume Weighted Average Price (VWAP) para confirmar o interesse real.
  • Exemplo de mercado: Em 2021, o Bitcoin rompeu US$ 50.000 com volume recorde, confirmando o início de uma nova tendência de alta.

2. A “reação normal”: paciência após o rompimento

Após um rompimento, o preço geralmente regressa para testar o suporte (em alta) ou resistência (em baixa). Livermore aguardava essa correção com volume reduzido antes de adicionar posições. Isso é um sinal de que o mercado está apenas a “respirar” antes de continuar o movimento principal. Se o volume cai durante o retorno, é sinal de que o interesse dos compradores permanece.

Exemplo prático:
Após o S&P 500 romper 4.600 pontos, o índice recuou para 4.550, mas com volume 30% abaixo da média do rompimento.

Estratégias complementares:

  • Usa Fibonacci retracements: Identifica níveis de 38,2% ou 50% como zonas de reentrada.
  • Observa o comportamento das velas: Procura padrões de absorção ou martelo durante a correção.
  • Exemplo de mercado: Em 2022, o ouro testou o suporte de 1.800 dólares após um rompimento, mas com volume reduzido, antes de subir para 2.000 dólares.
    3. Reversões de um dia: sinais de exaustão

    Livermore usava padrões de reversão de um dia para antecipar mudanças de tendência. Para antecipar quedas, por exemplo, como na crise de 1929. O padrão da reversão bearish:

    • Fecho abaixo do dia anterior ou mínima mais alta que a anterior.
    • Com volume crescente.
    • Porquê funciona? Reversões com volume indicam que o mercado está esgotado num sentido e pronto para inverter.

    Estratégias complementares:

    • Combina com indicadores de momentum: RSI acima de 70 (sobrecomprado) ou abaixo de 30 (sobrevendido) reforça o sinal.
    • Procura divergências: Se o preço faz novos máximos, mas o MACD não, pode ser sinal de reversão.
    • Exemplo de mercado: Em 2020, a Tesla fez um topo com reversão de um dia e volume recorde, antes de corrigir 40%.
          4. Pontos Pivot: Onde o mercado decide a direção

          Livermore mapeava níveis onde o preço consolidava por semanas. Rompimentos acima desses pontos com volume alto indicavam tendências fortes. Hoje, algoritmos identificam os pivôs automaticamente.

          Exemplo prático:

          Em 2021, a NVIDIA consolidou em torno de 200 dólares por várias semanas antes de romper com volume 3 vezes acima da média, iniciando uma subida histórica.

          Porquê os pivôs importam? Níveis de consolidação prolongada acumulam ordens de compra e venda. O rompimento liberta essa energia, criando tendências sustentadas.Estratégias complementares:

          • Usa pivot points clássicos, níveis diários de suporte e resistência.
          • Combina com médias móveis: O cruzamento acima da média de 200 dias reforça o sinal de tendência.
          • Exemplo de mercado: O dólar rompeu a consolidação de 1,10 contra o euro em 2022, com volume alto, iniciando uma tendência de alta.
                5. Confirmação em múltiplos timeframes

                Antes de operar, Livermore analisava gráficos semanais e diários. Se o rompimento ocorria em ambos, a probabilidade de sucesso dobrava, segundo dados da Bloomberg.

                Exemplo prático:
                O Bitcoin rompeu 30.000 dólares em gráficos diários e semanais em 2023, confirmando uma nova tendência de alta.Porquê a confirmação é importante? Operar apenas num timeframe pode levar a falsos sinais. A confirmação em múltiplos timeframes reduz o risco e aumenta a confiança.

                      Estratégias complementares:

                      • Usa o gráfico semanal para tendência e o diário para timing.
                      • Procura alinhamento de médias móveis em diferentes timeframes.
                      • Exemplo de mercado: O S&P 500 confirmou o rompimento de 4.200 pontos em gráficos diários e semanais em 2023, sinalizando compra.
                      6. Volume crescente: O Combustível das tendências

                      Em 2023, as ações da NVIDIA subiram 240% com volume três vezes acima da média durante rompimentos. Livermore diria: “Volume é a voz do mercado”. De verdade, o volume é o motor das tendências. Sem volume, os movimentos são frágeis. Com volume, tornam-se sustentados.

                      Exemplo prático:
                      Em 2023, a NVIDIA subiu 240% com volume três vezes acima da média durante rompimentos.

                      Porquê o volume é decisivo? Volume alto indica participação institucional e confiança no movimento.

                      Estratégias complementares:

                      • Compara o volume relativo em relação à média histórica.
                      • Usa o OBV para confirmar acumulação/distribuição.
                      • Exemplo de mercado: O ouro subiu para 2.600 dólares para os 3.400 dólares num período consistente de aumento de volume, confirmando a tendência.

                        7. Padrões ambíguos não são para seguir

                        Livermore ignorava movimentos caóticos. Por exemplo, se um rompimento não era seguido por fecho forte, considerava-o falso. Dados mostram que 70% dos rompimentos sem volume falham.

                        Exemplo prático: Um rompimento de resistência no S&P 500 sem fecho acima do nível ou com volume baixo era considerado falso. Sem confirmação, o risco de falso rompimento é elevado.

                        Aguarda o fecho do candle acima do nível de rompimento.

                        • Confirma com volume acima da média.
                        • Exemplo de mercado: Em 2022, o Nasdaq tentou romper 12.000 pontos várias vezes sem sucesso, sempre com volume baixo.
                        8. O Stop-Loss deve ser progressivo

                        Após 5% de lucro numa operação, Livermore ajustava o stop para o ponto de entrada. Após 10%, movia para 7% acima, garantindo risco zero. Tal protege os ganhos e permite que os vencedores corram.

                        Estratégias complementares:

                        • Usa trailing stops baseados em ATR ou percentuais.
                        • Ajusta o stop conforme o preço avança.
                        • Exemplo de mercado: Em 2021, quem usou trailing stop em ações de tech protegeu lucros durante correções bruscas.
                        9. Nunca forçar operações e respeitar o mercado

                        Em 1907, Livermore perdeu 1 milhão de dólares por insistir numa tendência inexistente. Hoje, traders usam o Índice VIX para medir medo: acima de 30, é sinal para reduzir exposição. Forçar operações em condições adversas aumenta o risco de perdas significativas.

                        Estratégias complementares:

                        • Monitorza indicadores de volatilidade como o VIX.
                        • Reduz o tamanho das posições em mercados voláteis.
                        • Exemplo de mercado: Durante a pandemia Covid, quem reduziu exposição em picos de volatilidade protegeu capital.
                        Conclusão:

                        As táticas de Livermore, baseadas em padrões gráficos, volume e gestão de risco, continuam atuais e validadas por estudos recentes. A chave para o sucesso está na confirmação dos sinais, na paciência para esperar setups claros e na disciplina para proteger lucros e limitar perdas. Respeitar o mercado e evitar operações forçadas são lições eternas para qualquer trader que queira prosperar a longo prazo.


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