The Trading Ring

Táticas para negociar o mercado cripto

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Negociar criptomoedas é diferente de negociar ações, commodities, ETFs ou mesmo forex. Embora existam princípios universais, a dinâmica única do universo cripto impõe desafios, táticas e oportunidades específicas. Neste primeiro de dois artigos, passamos em revista algumas das regras e características que deves levar em atenção quando negoceias o mercado cripto. Comparamos práticas e estratégias indicadas para criptos em relação a outras classes de ativos destacando pontos únicos e recomendações táticas essenciais para operar este mercado volátil.

1. Mercado 24/7: Gestão de Rotina e Fatiga

Com as Criptomoedas, o mercado nunca fecha, está ativo 24/7 o que te força a impor horários próprios para evitares fadiga, stress e operar fora do “mindset” ideal. O mercado de ações/ETFs/Commodities (embora Wall Street pretenda avançar também para uma negociação 24/7, ainda assim apenas de 2ª a 6ª feira), têm para já horários definidos e respeitam sessões (NYSE das 9:30 às 16:00 hora local, 14:30/21:00 hora de Portugal), facilitando descanso e análise entre sessões.

Estratégia para Crypto:

  • Define horários fixos de atuação e mantem disciplina.
  • Esses horários devem respeitar por princípio uma maior disponibilidade que coincida com o mercado americano em funcionamento, porque é o mais ativo do mundo, onde há mais operadores institucionais a funcionar e o que promove mais a volatilidade dos ativos. Ainda assim, podes aproveitar em qualquer hora swing trades e entradas/saídas a teu favor. Não precisas esperar pela abertura de mercado seguinte. É como se pudesses sempre funcionar “after hours”.
  • Utiliza alertas automatizados e ordens programadas para descanso seguro.

2. Volatilidade Extrema e Alavancagem Moderada

As Criptomoedas sofrem com frequência flutuações superiores a 10% ao dia. Isso acontece em particular nas Altcoins (menos no Bitcoin) e muitíssimo nas Memecoins. Isso significa que alavancagem (x5, x10, x20, x50, x100) mal utilizada pode-te liquidar a conta em minutos. Perante esta volatilidade, pede-se cabeça fria. Nada de loucuras. Ganhar dinheiro leva tempo, Perder dinheiro é rapidíssimo.

Nas Ações/Commodities/Forex, a volatilidade é relevante, mas geralmente menor e mais previsível, exceto em eventos extraordinários.

Tática para Crypto:

  • Usa alavancagens, se o fizeres, mínimas. (máx. 2-3x) e usa stop-losses ajustados.
  • Nunca aumentes posição para recuperar prejuízo (o chamado “martingale” é letal).
3. Liquidez Variável e Risco de Slippage

As Criptomoedas são projetos pequenos, as altcoins têm liquidez baixíssima e spreads altos, sujeitos a manipulação das “baleias”, detentoras da maior parte do ativo.
As Ações/Commodities/Forex, têm por norma liquidez muito mais alta, especialmente as principais ações, assim como os contratos futuros principais como o SP500 ou Nasdaq.

Estratégia:

  • Foca-te em moedas de grande capitalização (BTC, ETH, XRP) para operações maiores. Distribui o máximo que conseguires o restante por várias altcoins abaixo, para limitares o teu risco.
  • Verifica sempre o volume médio negociado antes de entrar.

4. Risco Regulatória e Falta de Proteção

As Criptomoedas têm uma regulação incerta (embora passos mais recentes estejam a fazer esse caminho), as exchanges podem ser hackeadas, fechadas ou sofrer bloqueio de saques inesperadamente.
As Ações/ETFs/Forex têm ambientes supervisionados por órgãos (SEC, CMVM, etc). Existe proteção ao investidor em vários casos.

Técnica recomendada:

  • Usa apenas exchanges de reputação sólida e mantem grande parte dos ativos em carteiras frias (hardware wallets) ou negoceia os CDFs nas plataformas de maior prestígio internacionais (eToro, Plus500, DeGiro, Coinbase, Trading212, etc.)
5. Tecnologia e Particularidades de Blockchain

No caso das Criptomoedas, ajuda a compreensão sobre blockchain, contratos inteligentes, forks e hard forks. Eles são o equivalente ao que fazes se tentares entender os fundamentais de empresas com ações em bolsa. É lá que percebes os fundamentos macro, os balanços financeiros, as projeções de vendas trimestrais, etc.

Recomendação:

  • Estuda sempre os fundamentos do projeto, analisa através de notícias de mercado, a sustentabilidade e roadmap para cada uma das moedas, o ecossistema em que estão envolvidos e a dinâmica são críticos para decidir onde aportar capital.
6. Ausência de Market Makers Consolidados

Nas Criptomoedas, o mercado é menos profissionalizado, há maior presença de “retalho” (sim tu, como todos os investidores individuais), estratégias de pump/dump e manipulação.
Nas Ações/Commodities/Forex, há market makers, fundos institucionais sólidos que tornam manipulações mais raras. Elas existem sempre, mas não são tão voláteis. Quanto mais líquido é o mercado, mais previsível se torna a sua trend a cada momento.

Tática para traders de cripto:

  • Evita operar em coins ilíquidas onde pouca participação estimula a enormes manipulações e pensa três vezes antes de embarcares em memecoins e modismos. Podem dar-te lucro, sim, mas o preço do risco é enorme também.
  • Confia mais em análise técnica e padrões como os que aqui te mostramos nos vários artigos publicados no “The Trading Ring”.
7. Gestão de Risco Radical e Stop-Loss Inadiável

Nas Criptomoedas as oscilações rápidas podem “zerar” contas. Coloca um Stop,  obrigatório, os trailing stops são recomendados, executa um cálculo de posição e risco máximo tolerado por trade (1-2% do saldo por operação).
Nas Ações ou Forex, a gestão de risco é semelhante, mas as ordens executam-se com mais precisão (menos slippage, ou seja a derrapagem que resulta da diferença entre o preço esperado de uma transação e o preço real em que ela é executada).

Ações recomendadas:

  • Utiliza sempre stop-limit e avalia o tamanho das ordens, especialmente em altcoins.
8. Influência de Redes Sociais e FOMO

Nas Criptomoedas, fruto do tempo digital em que elas mesmas foram criadas, há um ecossistema de rumores, tweets/X e hashtags que movem preços de forma brutal e rápida (caso Elon Musk/Tesla/Bitcoin). O FOMO (Fear of Missing Out) e o FUD (Fear, Uncertainty, Doubt) são muito mais determinantes.
Nos Mercados Tradicionais, embora as notícias influenciem, a volatilidade induzida por social media é menor e mais espaçada.

Tática:

  • Ignora o hype, opera com base em planos claros e filtra ruído de redes sociais.
  • Use ferramentas para checar a origem e impacto de “news spikes”. É uma espécie de “fact check” adequada, nomeadamente no mundo das altcoins e definitivamente no mundo das memecoins.

9. Altíssima Diversidade e Assimetria de Informações

Nas Criptomoedas, novas moedas surgem diariamente. Há muitos “rug pulls” e golpes, tokens podem aparecer e desparecer do mercado. Metem-te na mão todo o risco e compraste algo que está destinado a não acontecer.

Na Forex/Commodities/ETFs, os produtos são financeiramente mais estáveis, padronizados. Dificilmente um ativo desaparece de uma exchange relevante de um dia para o outro.

Tática indicada:

  • Jamais invistas alto em projetos recentes ou sem auditoria de código.
10. Análise On-Chain e Sinais Exclusivos

Nas Criptomoedas tens acesso a dados únicos da blockchain: volumes transacionados, carteiras “whales”, validações de nodes, taxa de hash, tudo em tempo real. Ferramentas como a Glassnode, Santiment e Messari são importantes
Nos outros mercados, os indicadores macro, micro e dados de ordem tradicional, fazem esse papel.

  • Usa análise on-chain como complemento à técnica: observa movimentações suspeitas de grandes carteiras, picos de criação de endereços e clusters de mineração/desistência.
Conclusão

O Trading de criptomoedas exige disciplina redobrada, adaptações táticas, domínio de rotina própria e um olhar atento à tecnologia e à segurança. A volatilidade e os riscos são mais intensos até mesmo em comparação ao forex, mas as oportunidades de retorno assimétrico também são maiores.

Reforça a gestão emocional, adota táticas como o stop loss rigoroso, análise de liquidez, foco em segurança e acompanhamento on-chain e entende que operar cripto não é uma extensão linear dos mercados tradicionais — é um universo específico, onde sobreviver e prosperar exige estratégias particulares e adaptadas à nova era digital.


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