As técnicas de negociação e investimento nos mercados são importantes, mas de nada servem sem entender o que os atores principais desses mercados anunciam e o que os dados e factos nos anunciam.
Após o verão, o preço do petróleo aparentou uma subida épica rumo aos 100 dólares por barril. Não chegou lá e pouco tempo depois, uma vertiginosa queda aconteceu. Nem a subida nem a descida foram surpreendentes, pois tecnicamente os gráficos deixavam anunciar o que iria acontecer. Essa é uma mensagem importante que deixo nota. As notícias por norma justificam os mercados e não o inverso. Muitas vezes se diz que os mercados reagiram à notícia tal e tal. Não, muitas vezes (atrevo-me a dizer, na maioria das vezes) as notícias justificam o que os mercados têm que fazer.
Voltando ao preço do petróleo. Nas últimas semanas os compradores de petróleo desapareceram com base em preocupações macroeconómicas e desequilíbrio na clássica balança de oferta e procura. Um cenário de incertezas afeta sempre o mercado do petróleo. O otimismo inicial, que indicava uma possível ameaça à oferta global de petróleo nunca visto desde o embargo do petróleo árabe há 50 anos, deu lugar a uma das posições curtas mais extremas na história dos mercados futuros de petróleo.
Em outubro o preço perdeu mais de 11% num momento em que ainda não está totalmente fora de hipóteses que a FED e o BCE voltem a subir mais um pouco os juros, mesmo entendendo que a política de restrição financeira esteja longe de ter chegado ao fim.
A aliança de produtores OPEP+ parece apontar para manter as restrições na produção lançado no verão pela Arábia Saudita por forma a atirar o preço para valores mais elevados. Entretanto um aumento sazonal de quase 200 mil barris que Irão e Iraque permitiram, pode ter sido um dos fatores que levou ao swing na tendência anterior.
É curioso que o despoletar da guerra no Médio Oriente, com os eventos em Israel e na Palestina, não alterou o comportamento do ativo. Para todos os efeitos o arrefecimento da China é obviamente um peso muito maior quando se percebe a influencia que tal tem em termos de procura. Refinarias chinesas, o maior comprador de petróleo da Arábia Saudita, solicitaram menos suprimentos para o próximo mês de dezembro. A possibilidade da Arábia Saudita estender sua redução de produção para o primeiro trimestre de 2024 deverá manter-se. Veremos que impacto terá na evolução dos preços.
A maior parte dos analistas prevê que o Barril do Brent navegue em torno dos 75 dólares nos final deste ano.
Verifica três momentos no gráfico abaixo e a evolução do preço do Petróleo que se seguiu.
1 – Anúncio da redução da produção da Arábia Saudita de modo a aumentar o preço da matéria prima.
2 – Tratava-se de uma resistência de preço. Foi aí que a Rússia reduziu o seu auto imposto embargo de diesel para a Europa decorrente das sanções da guerra na Ucrânia; que as importações líquidas de petróleo bruto para os Estados Unidos caíram em 1,96 milhão de barris por dia
3 – O ataque do Hamas, a resposta de Israel. Repare-se no aumento de novo no preço. Mas assim que chegou à linha que antes era suporte e virou, quando quebrada, a ser resistência, bateu e voltou a diminuir o preço. Esta é uma técnica de análise e negociação que permite ter lucros em qualquer ativo.
4 – A linha vermelha ficou definida desde logo como o destino do preço na correção, por utilização de outra técnica que abordamos e treinamos nas sessões TheTadingRing.
