A estratégia de “Buy the dip” é uma das mais comentadas e utilizadas no mundo do trading. A ideia é simples: comprar ações ou outros ativos financeiros quando os preços caem significativamente, com a expectativa de que irão recuperar e subir novamente, muitas vezes de modo rápido. Essa abordagem, quando bem executada, pode gerar lucros substanciais. No entanto, requer um entendimento profundo do mercado e das ferramentas de análise técnica.
Sempre que o Iene é valorizado pelo Banco do Japão (neste caso com o aumento de juros) o dólar desce o que pode estimular tendências inflacionárias nos EUA se bem que pode também ser entendido como proteção contra uma possível recessão.
A decisão do Banco do Japão da passada segunda-feira desencadeou um aumento na compra de ienes à medida que os investidores cobriam posições vendidas. O total de empréstimos em ienes poderia sugerir que 75% das operações de “carry trade” foram fechadas após os eventos voláteis desta semana. As taxas ultrabaixas e uma política monetária fácil tornaram o iene uma moeda atraente para financiamento no “carry trade”, com os investidores a fazerem empréstimos em moedas de baixo rendimento para financiar investimentos em títulos de maior rendimento como os títulos do Tesouro dos EUA.
O USD/JPY não está mais em tendência de alta, o que implica que o risco de quedas adicionais permanece elevado. Um fecho abaixo do nível de suporte de 141 pode sinalizar outra queda potencial, enquanto um rali acima de 152 sugere um retorno à tendência de alta anterior, reduzindo a volatilidade do carry trade e o risco de quedas.
Sendo certo que existem múltiplos fatores e que cada descida tem a sua história e o seu contexto – em detalhe nas mentorias do The Trading Ring analisamos todas essas variáveis -, tens aqui de modo genérico como aplicar essa estratégia de forma eficaz e segura.
Como comprar em baixa
A lógica por trás da estratégia é que quedas temporárias de preço podem representar oportunidades de compra, especialmente se o ativo estiver numa tendência de alta de longo prazo. Pode ser aplicada a diferentes ativos, como ações, índices, moedas e matérias primas.
Para implementar a estratégia de “comprar na baixa”, deves seguir estas etapas:
- Examina os setores que sofreram as maiores quedas, no caso da venda ser mais acentuada e global em termos de mercado. Muitas vezes, esses setores podem oferecer boas oportunidades de compra quando se espera uma recuperação.
- Considera investir em ETFs ou fundos mútuos que acompanham esses setores para diversificar e reduzir riscos.
- Procura ações de grandes empresas estáveis que sofreram quedas significativas. Essas empresas geralmente têm fundamentos sólidos e maior probabilidade de recuperação no futuro. Podem ser elas até, as locomotivas da recuperação. No passado, empresas de tecnologia experimentaram quedas devido a mudanças de sentimento do mercado, oferecendo oportunidades de compra.
- Adota uma abordagem de longo prazo para minimizar o impacto da volatilidade do mercado.
- Lembra-te de que o mercado está cheio de traders sofisticados que utilizam ferramentas de inteligência artificial, o que pode aumentar a complexidade da execução da estratégia a curto prazo.
Evitar a armadilha do “Diamond Hands”
Os traders que conseguem prever melhor o futuro são os que mais lucram. Muitas vezes, vemos apenas metade do padrão e tentamos visualizar como ele se vai sequenciar. Muitos traders evitam comprar em quedas porque sempre parece que o preço continua a cair ainda mais, resultando em perdas.
O preço continua caindo, mas não vendemos influenciados pelo conceito de “Diamond Hands” (manter firme sem vender). Eventualmente, o preço sobe e acreditamos que a estratégia é eficaz, então compramos mais na queda. Mas de repente o preço vira, volta a cair. Eventualmente muito. Continuamos a comprar mais ações, acreditando que o preço vai subir eventualmente. O preço continua a cair, as perdas acumulam-se levando-nos a perder todo o dinheiro que ganhámos anteriormente.
A lição principal é que, embora comprar na queda possa funcionar, é perigoso acreditar que o preço sempre vai subir. É crucial ter uma estratégia para sair de uma posição e não confiar cegamente no “Diamond Hands”. A complacência após alguns sucessos pode levar a grandes perdas, especialmente se não houver um plano para limitar os riscos.
O mercado pode enganar, levando a conclusões racionais, mas que podem ser desastrosas se a situação mudar. É essencial ter disciplina e definir um ponto de saída (um limite) para evitar se tornar um “bag holder” (alguém que mantém uma ação que só cai). Tal estratégia só funciona se houver um controle de risco bem definido e alerta para os perigos de seguir cegamente o conselho de manter as posições a todo o custo.
Como usar a estratégia de “Buy The Dip”
- Identifica um ativo em tendência de alta: Procura ativos com uma tendência de alta forte.
- Identifica quando a tendência termina e o ativo declina: Utiliza ferramentas de análise técnica para determinar quando uma queda representa uma oportunidade de compra. Vais usar vários indicadores técnicos como médias móveis ou as retrações de Fibonacci, para introduzir compras que te façam aplicar uma tática de DCA (Dollar Cost Averaging, baixar o preço médio do ativo comprado e detido).
- Considera uma recuperação que pode ser lenta: O ativo pode demorar para se recuperar e a análise técnica pode não funcionar conforme o esperado, o preço pode continuar caindo.
- É difícil acertar no mínimo dos mínimos. Pode acontecer que acertes no mínimo absoluto de uma correção. Há probabilidades de tal acontecer, usando as várias ferramentas técnicas. Mas o trading nunca nos dá certezas absolutas. Podes falhar uma e mais outra entrada em baixa. Por isso, é sempre preferível não tentar acertar nas baixas absolutas e reentrar apenas com mais certezas e melhores probabilidades quando o mercado confirma que mudou o trend e voltou a subir.
Identificar a verdadeira “reversão de fundo”
Como diferenciar uma queda que leva a um aumento de preço apenas pontual e uma reversão verdadeira?
Uma técnica possível e muitas vezes fiável, é observar o perfil de volume:
– Durante um recuo, é importante observar se há uma vela de venda de alto volume, o que indica uma possível reversão.
– Um volume de venda alto pode indicar uma reversão completa ou uma “viagem de ida e volta”.
– Volume crescente e preço subindo indicam um desequilíbrio a favor da compra.
– Volume decrescente e preço subindo indicam menos interesse na compra, o que é um sinal de alerta.
– Divergências entre indicadores, como preço subindo e volume caindo, são bandeiras de alerta.
– Se a venda exceder a compra, o preço pode cair novamente, resultando em uma “viagem de ida e volta”.
– Se o preço não cair completamente, indica que há mais compradores do que vendedores, mantendo o equilíbrio de oferta e demanda a favor da compra.
– Traders de tendência compram nos recuos, enquanto traders de breakout compram no rompimento do topo do dia.
– Comprar no rompimento oferece resolução instantânea, mas a entrada é mais alta e arriscada.
– A média móvel exponencial de 9 períodos (9 EMA) deve ser observada:
– O preço deve estar acima ou na 9 EMA. Se o preço cair abaixo da 9 EMA e continuar, é um sinal negativo.
– Verificar o indicador MACD. O MACD deve estar aberto (média acima da linha de sinal). Se o MACD cruzar abaixo da linha de sinal, indica consolidação. MACD deve estar positivo para considerar uma entrada.
– Tem preferência por entradas em valores inteiros (x,00) e meios (x,50)
– Deves colocar o stop loss no ponto mais baixo da vela de entrada.
– Escolhe ações com volume significativo e catalisadores (notícias) para garantir movimentos fortes.
– Evita comprar quando o preço está abaixo do preço médio ponderado pelo volume (VWAP).
– Evita grandes perdas iniciais e não devolvas mais de metade do lucro diário.
– Deves parar de operar se perderes mais de 10-20% do lucro diário.
– Mantem a confiança e evita decisões emocionais após perdas.
– Cultiva uma mentalidade de confiança calma e controlada.
– Lembra-te que os traders profissionais usam ordens iceberg para esconder a quantidade real de ações que vendem. Um catalisador inicial atrai interesse e os primeiros traders começam a comprar, gerando volume verde. Após a primeira onda de compras, alguns traders realizam lucros, outros vendem, e vendedores a descoberto entram em posições. Não deves ser apanhado/a em contra golpe.
Conclusão
A estratégia de “comprar na baixa” pode ser eficaz, especialmente com uma mentalidade de longo prazo e o uso adequado de ferramentas de análise. É crucial adotar uma gestão de risco rigorosa e estar preparado para ajustar suas estratégias conforme as condições do mercado mudam.
